domingo, 8 de novembro de 2009

Epifania I


Vestiu-se ressabiado. Aquela que agora dormia não era a mesma que há pouco gozava. Algo mudou. Algo esvaiu-se. O coração ainda palpitava violentamente e o suor escorria. Mas ela já dormia.

O quarto abafado. A cama molhada e quente. O ventilador lento e decrépito. O cheiro forte de pontas de cigarro.

Cambaleante, dirigiu-se ao banheiro. Queria lavar-se. O espelho pequeno e cheio de manchas pretas tornava difícil uma imagem nítida. Melhor assim. Não faria bem ver nitidamente seu rosto cansado e profundo.

Sentou-se na latrina cor-de-rosa. A porcelana estava fria. Urinou. Os cotovelos na coxas. A cabeça entre suas mãos. Olhou para o seu pênis flácido e pensou: envelhecera.



7 comentários:

  1. Como diria o nosso Mestre Rubem Alves:
    "é isto que nós somos, sem que tenhamos coragem para dizê-lo: um adeus".

    Adeus juventude...

    Belíssimo, amor!!!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Cara, belíssimo! Belíssimo mesmo!
    Duro, frio, sincero, verdadeiro, mas com uma beleza que incomoda, feito pássaro colorido que cai sem conseguir voar.
    Lindo!

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  4. huehehehe
    bicho, muito massa!
    descritivo de uma forma bem realista!
    tirou onda, mesmo!
    irado!
    abraçãOo :D

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  5. Cara, senti um tremendo medo de ficar velho!!!

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  6. Só por causa da flacidez? Relaxe q ainda hão de baratear esse viagra! hauahauuha

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  7. Puta que pariu, Natan.

    Mulheres otimistas também tem suas francas horas: envelhecer é desilusão de tudo mais. Chegará o dia que eu não serei linda depois do gozo? Sozinha, sem par, suprindo meus recursos?


    Deus há de nos poupar de privadas rosas e há segurar nossos penis eretos. Uma, duas, três vezes. Hoje e sempre. Amém.

    (É um fato: juventude é coisa boa.)

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