quarta-feira, 27 de julho de 2011

ATO #3



A moça, mais uma vez, deparou-se
com a realidade nua e crua da solitude.
Sim, pois solidão é o "eu" e nada mais,
mas não somos sós sozinhos.

Ah, Florbela, como tu sofres...
A paixão que te dá vida
é a mesma que te mata
[aos poucos.

Pegou pena, papel e tinteiro.
Pensou escrever sobre o vazio.
A folha permaneceu intacta.

Dali em diante era toda pranto.
E o peito pia...


*Ne me quitte pas



quarta-feira, 6 de julho de 2011

ATO #2 (APÊNDICE - ÓRGÃO INÚTIL)


Florbela há tempos não sabe o que é cor. Vê o mundo cinza.
Deita-se e aguarda, desesperançosa, o amado vir se deitar.

Ele chega. Eles discutem a relação no mais alto grau de abstração.
Têm uma briga homérico-ontológica.
E viram-se cada um para um lado.

Florbela resolve ler. E se obriga a concordar com Rubem Fonseca:
"Mas aquela conversa foi o início do fim. Na cama não se fala de filosofia".