terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Tarde alaranjada



Não vi os cacos se partirem
Entre esses dias vazios
Cheios de espaço,
De transbordante quietude.
Seriam os últimos?
E o seu sorriso se abre
Com o vento desta tarde alaranjada,
Coberta de solidão,
Coberta de estalos de lembranças.
Somos jovens já velhos,
Espantados com a pesada liberdade,
Com o sossegar dos que não pensam,
Com o bailar das folhas caídas,
Com o amor que ainda nos comove,
Quando, nesta tarde alaranjada,
Eu vejo o seu sorriso
E me sinto morto, em paz.


5 comentários:

  1. Não, amigo, ainda não são os últimos. Ainda teremos muito espanto pela frente. E serão espantos cada vez mais pesados, mesmo q nos tornemos velhos ainda jovens. Não há sossego para os que escolheram saber...

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  2. É, não há sossego para os que escolheram saber...

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  3. cara, as tardes alarajandas são mesmo uma parada foda, né?
    pra uma pessoa besta pode não ser nada, mas pra quem a vê realmente, pode ser um universo de mortes, gozos, angústias, ereções, ressacas, paz, e etc...
    de quem ser esse poema? é do paulin, né?
    parabéns, papito, de novo gostei pra cacete!

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  4. É o incômodo necessário sempre rente àqueles que se deixam sensibilizar pelo que acontece, pelo que vê, pelo que, ainda sem muito estímulo, acredita. A morbidez da bagunça de existir. A dor da alegria de sentir. E todo o resto que passa, e fica em nós. Todos os dias.
    Preciso de dizer que gostei? Não, porque o texto é quem é, e seria, por isso, redundância.

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